sexta-feira, 1 de maio de 2009

Testemunhos

uma das nossas jovens...

Marina, 22 anos



"Olá a todos! Estou a escrever para as pessoas terem não uma ideia mas uma noção do que é um hospital.

Chamo-me Marina, tenho 22 anos mas quando vim parar ao I.P.O. tinha 15 anos, foi um choque para mim e para os meus pais: para eles foi uma doença, mas para mim foi a queda do cabelo.

Eu via todos os meninos sem cabelo e fiquei admirada...mas a médica explicou.me que era o efeito do tratamento. Disse-me a doença que eu tinha: era um cancro que se chamava "Sarcoma de Ewing" e que estava na coluna.

Fiz tratamento durante um ano...estive bem 3 a 4 anos, casei e tive um filho.

Tinha 19 anos quando o Tiago nasceu, correu tudo bem. Quando o Tiago tinha 6 meses, tive uma recaída: era a doença que tinha voltado, mas no pulmão.

Fiz transplante de medúla óssea, mas a felicidade durou pouco tempo: nem um ano.

A doença já estava nos 2 pulmões, a médica dizia que ia ser complicado, mas eu em uma semana de tratamento já tinha o pulmão esquerdo limpo.

Sempre a fazer tratamentos em casa com comprimidos, eu levava uma vida normal.

Venho todas as semanas ao I.P.O., as pessoas estão sempre com um SORRISO NA CARA para a gente.

Agora é que a doença "se viciou" nos comprimidos e apareceu no braço e no pulmão e está a ser muito difícil de combatê-la.

Ela está mais forte e o meu corpo mais frágil e já são quase 8 anos as lutas a favor da vida. Como eu, há muitos meninos que lutam todos os dias para receberem quando acordam um "Bom dia".

São essas poucas coisas que as pessoas não dão importância: Bom dia, Boa Tarde...Olá!



Beijinhos para todos que estão no nosso Blog,"

Marina
28.04.09


uma das nossas mães...

"No dia 7 de Abril fui ao Hospital CUF Descobertas, para uma consulta de urgência, com o intuito do meu filho ser reavaliado a uma amigdalite, diagnosticada 15 dias antes, e saí de lá com um pré-diagnóstico de Linfoma ou Leucemia.
Após examinar o meu filho, de 4 anos, o médico mandou fazer análises ao sangue, rx torax e ecografia aos gânglios do pescoço ainda inchados, ao fim de 12 dias de antibiótico para a amigdalite e brufen.
Quando o médico veio ter comigo e com o meu marido, com os resultados de todos os exames e nos disse que suspeitava que o nosso filho tivesse um Linfoma, ou uma Leucemia, o meu mundo "Perfeito", acabou ali mesmo. Parecia que o chão tinha ruído debaixo dos meus pés.
Só me lembro de chorar e dizer que não podia estar a acontecer isto ao meu filho.
Porquê o meu filho? Porque não eu? Era só o que eu perguntava incessantemente. Que dor tão grande no peito.
Nessa mesma noite, ficámos internados, com o meu filho a ter que receber transfusão de plaquetas e de sangue, soro e antibiótico para a febre que começava a surgir, tudo isto já com o aval do I.P.O. .
No dia seguinte, de manhã cedo, fomos transferidos para o I.P.O. de Lisboa, onde já estavam À nossa espera para fazer novos exames, entre eles, um medulograma ( análise à medúla óssea), para então poderem ter um diagnóstico correcto.
Nesta fase, eu ainda esperava que fosse só um susto, um pesadelo, e que o exame ia dar negativo, estava enganada, o resultado foi Leucemia Linfoblástica.
A médica veio ter connosco, para nos explicar o que era a doença em si e qual o tratamento e também os prognósticos. Depois disso, demos entrada no piso 7 - Pediatria, para internamento.
No dia seguinte, o diagnóstico final não era assim tão negativo, o meu filhote tem, sim, uma leucemia, uma leucemia linfoblástica, mas de tipo 3, não é das mais agressivas e o tratamento demora menos tempo, graças a Deus.
A partir deste momento, temos que ter muita fé e temos que nos agarrar aos pontos positivos, que vão surgindo. Esta situação é uma realidade surreal, que pensamos que só acontece aos outros e não aos outros e não é fácil passar por isto.
Os tratamentos de quimioterapia, o após tratamentos, ou seja, a reacção à quimioterapia, que penso que ainda é pior.
Tenho que ver o meu filho sofrer, sem poder livrá-lo da dor, nem poder trocar de lugar com ele. Como eu pedi a Deus para que isso acontecesse. Para ser eu, em vez dele, mas tenho que pensar, que este é o Prepósito de Deus. Para nós e graças a ELE, vamos ultrapassar esta fase pior das nossas vidas e o meu filho vai ficar curado.
Quero aproveitar este testemunho, para agradecer a todos os profissionais de saúde e não só, que trabalham neste piso, dia após dia, com um sorriso nos lábios e uma palavra de conforto, sempre que é necessário.
Muito obrigada pela vossa Humanidade e carinho pelas crianças, que Deus vos abençoe."
Rute Balão
29.04.2009